
Dá para imaginar que uma simples possibilidade de transferência de um funcionário de uma trade do agronegócio para outra cidade iria criar um pequeno império empresarial que gera 500 empregos diretos em torno de sete firmas (fora a lavoura) e que fatura R$ 4,5 bilhões por ano? Pois foi o que aconteceu com Pedro Moraes Filho, diretor do Grupo Safras, que engloba empresas de armazenagem de grãos, indústria de etanol, transportadora e comércios que vendem pneus, gráfica e Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), além de uma sociedade em uma área de plantio de 8 mil hectares.
Essa história já tem 12 anos e começou em 2009, quando Pedro trabalhava na antiga Ovetril e recebeu a informação de que poderia ser transferido de Sorriso para outra cidade. “Eu já estava ambientado com Sorriso e não queria sair. Conversei com o Dilceu Rossato e ele, ágil como é nas decisões, me convidou para abrirmos um armazém em sociedade. Alugamos um armazém da Vale Dourado e começamos o negócio que deu muito certo. Eu sempre falo que a nossa empresa é jovem, mas nós somos velhos naquilo que fazemos, porque fazíamos isso nas empresas dos outros”, explica.
No início, lá em 2010, a Safra Armazéns Gerais tinha capacidade para guardar 60 mil toneladas de grãos, mas já em 2011 começou a expansão e atualmente conta com 16 unidades (sendo sete próprias) que estão instaladas nas cidades de Sorriso, Santa Rita do Trivelato, Feliz Natal, Paranatinga, Nova Maringá, Porto dos Gaúchos, Novo Mundo e em breve chegará a Nova Guarita.
Toda essa estrutura é capaz de guardar 795 toneladas de grãos, o que corresponde a 240 mil hectares de soja colhida a uma média de 55 sacas por hectare. Isso corresponde a 37% dos 650 hectares produzidos em Sorriso, que é o maior produtor da oleaginosa do mundo. “Nós abrimos numa época certa e viemos crescendo junto com o Mato Grosso, com a região. Atribuímos o nosso crescimento à nossa equipe, ao nosso time”, ressalta Pedro.
A Safras Armazém Gerais foi a primeira empresa do grupo, que também é pioneiro em Mato Grosso na produção de etanol extraído do milho. A Safras Indústria e Comércio de Biocombustíveis foi a primeira planta do estado a obter licença para a produção exclusiva do milho e atualmente fabrica 3 milhões de litros de álcool hidratado por mês, que são absorvidos totalmente na região, barateando o custo do combustível.
Só esta planta gera 90 empregos diretos em Sorriso com grande parte das vagas destinadas às mulheres. Na última ampliação, que teve investimentos de R$ 20 milhões, foram gerados outros 60 empregos diretos.
Além da produção de álcool hidratado (combustível) a indústria desenvolve outros produtos para aproveitar tudo que o milho proporciona e diversificar o seu portfólio, que ainda conta com DDG (ração seca para gado com quase 40% de proteína), WDG (ração úmida para gado), LDG (xarope utilizado na mistura da ração do gado confinado), álcool 70% (utilizado na área da saúde), álcool gel, e está iniciando a produção de álcool 46% (para uso doméstico) e de um álcool específico para churrasqueira. “Para otimizarmos e diversificarmos o nosso negócio, com mais produtos e valores agregados, estamos seguindo nesta linha”, afirma o empresário.
Outra forma de diversificar o negócio e aproveitar melhor os próprios produtos é a criação de uma área para confinamento bovino, que até abril de 2023 estará em funcionamento e consumindo os derivados do milho produzidos na indústria de etanol.
O ano de 2022 será de avaliação para os empresários, que esperam o momento econômico mundial melhorar para voltar a discutir investimentos e ampliações. Apesar de sempre investirem com recursos próprios e não dependerem de bancos, eles entendem que o momento é de aguardar.
“O nosso desejo e planos é ampliar a capacidade de armazenagem e crescermos como cerealistas, como parceiros do produtor. Porém, estamos atravessando um momento no qual os investimentos ficaram muito caros, além dos equipamentos, os materiais como ferro, aço e cimento ficaram muito caros”, declara.
No caso de Pedro Moraes Filho não dá para dizer que ele não imaginava chegar aonde chegou após 12 anos de intenso trabalho. Ele sempre confiou na sua experiência e na do sócio, Dilceu Rossato, como gestores e empreendedores e soube dividir a responsabilidade com uma equipe muito bem-preparada, a quem Pedro atribui grande parte do sucesso.
“Nós somos uma ferramenta na cadeia produtiva da região, um grande parceiro para os produtores e para as trades, temos uma responsabilidade social muito grande. Além de fazermos negócios o que nós temos de melhor são as pessoas que trabalham conosco, o que vem na frente é a valorização do ser humano, tanto que com os produtores primeiro nós fazemos amizade e depois fazemos negócios. Se não negociarmos, a amizade continua a mesma”, afirma.
Além disso, Pedro destaca como ponto forte do Grupo Safras a agilidade para tomada de decisões, que são sempre baseadas nas informações do mercado, que é monitorado constantemente.
“Nós chegamos até aqui não foi com dinheiro. Chegamos até aqui foi com gente, com capacidade administrativa, capacidade de executar tarefas. A nossa grande virtude é liderar pessoas e motivá-las mostrando que é possível fazer”, relata.
Autor: MARCOS STAMM